quinta-feira, 9 de junho de 2016

GUINÉ-BISSAU: MINISTROS DEMITIDOS ABANDONAM PALÁCIO GOVERNAMENTAL

Na semana passada, esses meliantes afirmavam que só abandonariam o edifício  depois de reposta a legalidade constitucional ou depois da chegada à Bissau de uma delegação presidencial da (CEDEAO).  Sabemos que não foi reposta a tal ordem constitucional que advogam nem chegou a delegação da CEDEAO. Perguntamos: porque é que esse grupo de desordeiros, delinquentes e malfeitores saiu rapidamente do edifício sem ver as suas exigências cumpridas?
 
Fome na miti ba elis mon, é sai suma djikinduris. Dipus é sibi kuma STJ i da elis kapoti.  
 
Os membros do executivo guineense demitido a 12 de maio decidiram, esta quinta-feira (09.06) abandonar o Palácio do Governo, depois de duas semanas de ocupação, por não concordarem com a decisão do Presidente.
 
Os membros do governo do Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que se recusaram a abandonar o Palácio do Governo nas últimas duas semanas decidiram interromper a ação.
 
Segundo António Barbosa, do bureau político do PAIGC, “saíram hoje das instalações porque durante estes 15 dias mostraram ao mundo e sobretudo aos guineenses que há um grupo disposto a lutar pela liberdade, pela democracia, contra a tirania e a ditadura”.

Para o membro do PAIGC, “ficou claro e evidente que nós não estamos apegados ao Governo, mas o nosso protesto foi contra os perigos do surgimento iminente, porque há sinais assustadores, de uma ditadura no nosso país”.
 
António Barbosa faz questão de deixar claro que o PAIGC “não pode aceitar o surgimento de uma ditadura” na Guiné-Bissau e que os membros do executivo demitido pelo Presidente José Mário Vaz a 12 de maio “só saem porque o partido decidiu que eles saíssem”.
 
No grupo, encontram-se deputados, elementos do Governo cessante e funcionários estatais. Apesar de o PAIGC ter ordenado a estes membros que abandonassem o Palácio do Governo, o partido deixa claro que o braço de ferro que está na origem da crise política da Guiné Bissau ainda não chegou ao fim.
 
“Desde o início que baseamos a nossa posição na legalidade, sustentada por aquilo que a Constituição defende e que no acórdão n.º 1/2015 também vem defender”, afirma António Barbosa. “Nenhum Governo pode governar na Guiné -Bissau que não passe pelo partido que ganhou as eleições. O PAIGC ganhou as eleições com maioria absoluta, portanto, tem todo o direito de ser ele a formar o Governo.”
 
“Que este protesto sirva para salvar a democracia e a Guiné-Bissau”
 
A Presidência da Guiné Bissau anunciou a 2 de junho a lista do novo executivo guineense. O novo Governo, liderado por Baciro Dja, é constituído maioritariamente por membros do Partido de Renovação Social (PRS).
 
Na semana passada, os membros do executivo cessante afirmavam que só abandonariam o edifício depois da chegada a Bissau de uma delegação presidencial da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) constituída na última cimeira da organização em Dacar, no Senegal, com o objetivo de ajudar na solução da crise política da Guiné-Bissau.
 
Baciro Dja é o novo líder do Governo
 
“O compromisso é com a honra e com a dignidade. Tínhamos que fazer uma coisa que fizemos, não estamos arrependidos de o ter feito e voltaremos a fazer toda uma manifestação de protesto, desde que isso sirva para salvar a democracia e salvar a Guiné-Bissau”, afirma António Barbosa, quando questionado sobre a existência de algum compromisso que tenha levado os membros do executivo demitido a tomar esta decisão.
 
Durante a tarde desta quinta-feira (09.06), antes de os membros do executivo terem abandonado o Palácio Governamental, a DW África falou com Jorge Gomes, Presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil na Guiné-Bissau, que considera que “temos estado a servir de elos de ligação entre os membros do Governo demitido e a Presidência da República, mas podemos assegurar que temos a situação mais ou menos controlada e que, se tudo correr na medida dos possíveis, eles vão abandonar as instalações hoje”.
 
A sociedade civil guineense está preocupada com a persistência desta crise política. O país está praticamente parado e tudo está mais caro. “Estamos no mês de jejum dos muçulmanos e os comerciantes começam a especular com os artigos de primeira necessidade e não há controlo. Toda a gente está incomodada com a situação”, alerta Jorge Gomes.
 
Fonte: DW África